Muriqui, buriqui, miriqui ou miriquina são variações de um nome de origem tupi, cujo significado não está satisfatoriamente esclarecido. Nos últimos 10 anos popularizou-se a crença de que muriqui significa “povo manso da floresta”. Sem dúvida é uma expressão que lembra a sociedade muriqui, caracterizada por baixa agressividade, quando comparada a outros primatas. De certa forma, é um nome que vem ao encontro de nossos ideais de uma sociedade pacífica e igualitária, de maneira que é compreensível que tenha sido tão bem aceito. Mas confesso que não me convenci e não consegui encontrar a fonte dessa tradução para muriqui.
Pesquisando um pouco, encontrei a definição de Teodoro Sampaio, em “O tupi na Geografia Nacional”, sugerindo que buriqui, ou muriqui, é uma corruptela de Myra-Qui, “gente que se bambaleia, que vai e vem”. Quem já observou os movimentos dos muriquis, sabe que essa descrição cai perfeitamente para a eles. Sua locomoção do tipo braquiação, típica dos macacos da subfamília Atelinae, e dos gibões asiáticos, realmente passa aquela imagem de um ser que bambaleia, que se balança de um lado para o outro. Essa definição também é aceita por Alcides Pissinatti, em seu artigo publicado em “Neotropical Primates”, Vol. 13, Supplement. Até segunda ordem, fico com esta definição, que me parece mais sensata.
Cabe lembrar que, segundo Alvaro Aguirre, o nome “mono” é o mais comum por toda a área de distribuição dos muriquis. Em alguns lugares, usa-se “mono-carvoeiro”, a que Aguirre atribui ao fato de alguns exemplares terem manchas escuras no corpo, lembrando um trabalhador de carvoaria. Mono, evidentemente, significa macaco, e é provável que seja uma simplificação de “mono-carvoeiro”. Aguirre também cita outros sinônimos, como “mono-cavalo” que, creio eu, deve-se à vocalização que lembra um relincho, e o termo “koupo”, que Augusto Ruschi cita como usado pelos índios botocudos. O príncipe Alemão Maximiliano de Wied Neuwied, em “Beitrage zur Naturgeschichte”, Vol. II, publicado em 1826, já citava o termo “kupó”, usado pelos botocudos. Em Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, os descendentes de pomeranos chamam os muriquis de “wita oop”, que significa macaco branco e, eventualmente, “mona-branca”.